Na economia solidáira, muitas são as formas e ferramentas utilizadas para fazer da prática de produção, comercialização e consumo um novo jeito de promover e democratizar o desenvolvimento.
Empresas autogestionárias são empresas que passaram a ser autogeridas pelos próprios trabalhadores, normalmente, após os antigos donos terem decretado falência. Neste caso, a nova administração passa à ser constituída pelos próprios empregados, organizados em sociedade cooperativa ou análoga.
A autogestão, em contraposição à gestão heterônoma (capitalista), distribui a renda gerada pela atividade empresarial de maneira aproximadamente igualitária entre todos que a realizam, em lugar de concentrar grande parte dela nas mãos dos proprietários do capital. Da mesma forma, a autogestão distribui o conhecimento e a competência gerencial entre todos que integram a sociedade, que possui e opera a firma, em vez de concentrá-los numa delgada camada de diretores e dirigentes. Em outras palavras, a autogestão torna a atividade econômica mais democrática e – à medida que se difunde – torna a sociedade inclusiva também mais democrática. Ou menos desigual e plutocrática do que seria se todos empreendimentos fossem dominados e explorados por uma pequena minoria proprietária da maior parte do capital. (Fonte: Artigo de Paul Singer)
2 - Finanças solidárias
São novos tratamentos da temática da poupança, novas finalidades para ela. São novos tramentos das opções de investimento, novos tratamentos para o problema dos riscos do crédito, e, portanto para o desenvolvimento de formas de garantir operações de financiamento, que permitam aos pobres acessar os recursos disponíveis para alavancar novos padrões de desenvolvimento humano.
Trata-se de resgatar a moeda como ferramenta de convivialidade e não como mecanismo de espoliação. Tais são alguns dos desafios para um sistema de finanças solidárias.
Dentre os tipos das organizações de finanças solidárias, deste modo, podemos citar:
a. cooperativismo de crédito;
b. organizações de microcrédito e microfinanças;
c. bancos comunais;
d. fundos solidários;
e. moedas sociais;
f. bancos alternativos;
g. sociedades de garantia;
3 - Clubes de troca e moeda social
Clubes de Troca são espaços onde a gente leva coisas para trocar e não precisa levar nenhum real, só o dinheiro do clube. É uma pequena feira, um mercado de tipo diferente. As pessoas levam para essa feira o que produzem e que poderiam vender e também anunciam em cartazes o que sabem fazer.
A grande descoberta desse sistema é que a gente pode trocar as coisas que leva para a feira por outras coisas que a gente precisa, sem usar nenhum real. Cada clube de trocas cria sua própria moeda. Ela pode ter qualquer nome que os participantes do clube escolham. No Rio de Janeiro chama "Tupi", no Ceará temos a experiência do "Palmas", no Rio Grande do Sul tem o "Pampa Vivo", num bairro de São Paulo chama "Lua", em outro chama simplesmente "Bônus".
Essa moeda só serve no clube. Lá dentro ela é usada como se fosse dinheiro. Ela possibilita que todos troquem com todos coisas de diferentes valores. Ela vai permitir, por exemplo, que eu ofereça sabão e aulas de ginástica para obter de várias pessoas arroz, feijão e a pintura da minha cozinha.
A moeda social não é um sistema alternativo e sim complementar à economia. Ela é produzida, distribuída e controlada por seus usuários. Por isso, o valor dela não está nela própria, mas no trabalho que pode fazer para produzir bens, serviços, saberes. Esta moeda não tem valor até que se comece a trocar o produto pelo produto, o serviço pelo serviço, o produto pelo serviço ou o serviço pelo produto. A moeda começa a servir como mediadora destas trocas. Ela é diferente também porque não está ligada nenhuma taxa de juros, por isso não interessa a ninguém guardá-la, mas trocá-la continuamente por bens e serviços que venham responder às nossas necessidades.
4 - Redes de Colaboração Solidária - Pró-consumidores
A Rede de Colaboração Solidária integra grupos de consumidores, de produtores e de prestadores de serviço em uma mesma organização. Todos se propõem a praticar o consumo solidário, isto é, comprar produtos e serviços da própria Rede para garantir trabalho e renda aos seus membros e para preservar o meio ambiente. Por outro lado, uma parte do excedente obtido pelos produtores e prestadores de serviços com a venda de seus produtos e serviços na rede é reinvestido na própria rede para gerar mais cooperativas, grupos de produção e microempresas, a fim de criar novos postos de trabalho e aumentar a oferta solidária de produtos e serviços. Isso permite incrementar o consumo de todos, ao mesmo tempo em que diminui volume e o número de itens que a rede ainda compra no mercado capitalista, evitando com isso que a riqueza produzida na Rede seja acumulada pelos capitalistas. O objetivo da Rede é produzir tudo o que as pessoas necessitam para realizar o bem viver de cada um.
Quando os consumidores praticam o consumo solidário, consumindo os produtos de uma empresa (uma padaria comunitária, por exemplo) que não explora os trabalhadores e protege o meio ambiente, essa empresa vende toda a sua produção e gera um excedente, que na lógica capitalista seria lucro. Esse excedente, entretanto, na lógica da solidariedade é reinvestido na construção de novas empresas (granja, fábrica de macarrão, produção de sabão, confecções, etc.) gerando novos postos de trabalho, diversificando a produção e melhorando o padrão de consumo de todos os que participam da Rede.
Fonte: Cartilha das Redes de Colaboração Solidária
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