Fonte: www.colunistas.ig.com.br
A atual crise mundial acirrará dois sentimentos conflitantes. Em uma primeira etapa, o protecionismo, a xenofobia, o isolamento. Em uma segunda etapa, o desabrochar da chamada economia solidária – forma de organização social em que membros de uma mesma comunidade se auxiliam mutuamente, gerando riqueza e emprego.
Nos últimos anos houve um crescimento exponencial das cooperativas, saindo do ramo agrícola e esparramando-se por outros setores, especialmente o do crédito. Também avançou, ainda que timidamente, o conceito de Arranjos Produtivos Locais (APLs), assim como o microcrédito – na forma de Bancos do Povo, implantados em várias prefeituras.
Mas uma das experiências mais interessantes é a do Banco Palmas em Fortaleza (...).
O banco foi criado dentro do conceito de socioeconomia solidária da Associação de Moradores do Conjunto Palmeira, bairro popular da periferia de Fortaleza, com 32 mil habitantes.
O trabalho começou pelo mapeamento da produção e do consumo local, tudo o que é consumidor e produzido, incluindo os insumos e o local onde trabalham.
O segundo passo foi criar um Balcão de empregos, identificando os trabalhadores desempregados e procurando coloca-los através das ofertas divulgadas pelo Sistema Nacional de Empregos (SINE) – que pode ser acessado pela Internet.
Simultaneamente, foi criado o que se chamou de Incubadora Feminina, na verdade um espaço na sede da Associação, com sala, cozinha, refeitório, banheiros e um galpão. Nele são ministrados cursos profissionalizantes, ateliê de produção e um Laboratório de Agricultura Urbana.
Um dos itens mais interessantes desse projeto foi a criação de uma Moeda Social Circulante, administrada pelo Banco Comunitário. Como só pode ser negociada internamente, a moeda é a maneira de aumentar o que eles chamam de “riqueza circulante”.
Essas moedas têm como lastro reais depositados no Banco Comunitário. Quem usa a Moeda Social tem direito a descontos dos comerciantes e produtores. Caso necessite de reais, o empresário poderá trocar as moedas sociais no Banco Comunitário. Caso queira Moedas Sociais, bastará levar reais ao Banco Comunitário e trocar por elas.
Com esse lastro, o Banco conta com uma linha de microcrédito alternativo (para produtores e consumidores), cartões de crédito, alternativas de comercialização (feiras e lojas solidárias), estimulando a geração local de empregos.
Em cima dessa base, o Banco Palmas estimulou o aparecimento de várias iniciativas solidárias. Existem os empreendimentos produtivos da rede, independentes, mas trabalhando dentro do conceito de solidariedade e sendo supervisionados diariamente pela equipe do banco.
Tem a Academia de Moda Periferia, ensinando curso de estilismo e moda. Tem a Palmatech, produzindo material didático para os diversos cursos e enfatizando sempre os princípios da economia solidária.
Tem, finalmente, a Rede Brasileira de Bancos Solidários, com 32 instituições.
Está aí uma experiência digna de acompanhamento.
extraido de: www.fbes.org.br
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