O objetivo da missão foi divulgar o PROJETO BRASIL LOCAL às comunidades remanescentes de quilombos do Vale do Guaporé e escolher uma pessoa para fazer a articulação nessas comunidades, desenvolvendo o papel de Agente de Desenvolvimento Local e Economia Solidária, além de informá-las acerca dos processos de regularização fundiária em casos específicos de Comunidades Remanescentes de Quilombos.
A reunião destinada a discutir a representação quilombola no PROJETO BRASIL LOCAL, aconteceu na plenária da Câmara de Vereadores do município de Costa Marques/RO, oportunizada pelo Vereador Amaury Arruda, apoiador das Comunidades de Forte Príncipe da Beira e Santa Fé, onde estiveram presentes representações pelo menos 03 das 08 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos pela Fundação Palmares: Forte Príncipe da Beira, Santo Antônio do Guaporé e Santa Fé, além de outros membros da comunidade e da caravana.
A representação escolhida foi a Sra. Lais Miriam dos Santos, de Forte Príncipe da Beira, que atuará na articulação e desenvolvimento coletivo de pelo menos quatro comunidades, situadas em três municípios, até que outros/as agentes quilombolas sejam contratados no Estado de Rondônia.
Para a Agente Laís esta é uma oportunidade que vem para fortalecer a luta dos negros situados a mais de 150 anos no Vale do Guaporé, que até então estavam esquecidos em suas localidades, amparados pela atuação de poucas instituições e sem visibilidade.
Garantir um desenvolvimento econômico e social a essas comunidades é proporcionar, entre outras coisas, a reestruturação das famílias que foram separadas pelas necessidades educacionais de jovens e pela manutenção da saúde dos mais velhos. Só resistem às agruras das enchentes e secas, endemias e dificuldades econômicas quem realmente tem o interesse de manter os vínculos com o território onde cresceu e aprendeu a viver.
Dona Mafalda, moradora do Vale do Guaporé há mais de 50 anos, relata de forma emocionante, a saga de ocupação do Vale do Guaporé pelos seus antepassados vindos de Vila Bela da Santíssima Trindade e desabafa como é dificil viver atualmente na comunidade, longe escolas e hospitais. Estes apenas situados em espaços urbanos. Porém, ao mesmo tempo olha a sua volta e sente a liberdade de viver próxima a natureza e junto a seus familiares, plantando em pequenas roças e colhendo seu sustento do dia a dia de forma saudável e sem agredir o meio ambiente.
Essa harmonia tem sofrido ameaças há alguns anos. A comunidade vive cercada por grandes latifundiários e oportunistas. “Antes tinham a liberdade de andar pela floresta sem se deparar com cercas de arame farpado e grandes boiadas”, relata outro morador de comunidade próxima, a qual foi separada de Santa Fé pela má distribuição de terras feita anteriormente pelo Governo. “Agora até o acesso ao Rio Guaporé que fica a menos de 200m das casas da comunidade está ameaçado”. O diálogo com o INCRA, sobre a regularização fundiária, poderá suprir parte dessa dificuldade, mas já será de grande valia dialogar e conseguir o acesso a terra para morar, produzir e gerir, formalmente.
As informações sobre às políticas públicas vem para fortalecer e despertar os quilombolas do Vale do Guaporé, na busca de seus direitos e sua organização. Nessa linha includente e de acesso o Brasil Local deve priorizará, na visão dos quilombolas, jovens e mulheres das comunidades. Indentificam que o artesanato, o extrativismo sustentável e o turismo são potenciais atividades econômicas que podem ser desenvolvidas, além da produção da farinha de mandioca que daqui a alguns meses receberá maquinário que beneficiará a produção, afirmação dos homens da comunidade. Tudo dependerá da instalação de unidades de energia elétrica no local, através do Programa Luz para Todos, do Governo Federal.
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