sábado, 15 de março de 2008

Equipe Interistitucional se reúne com Quilombolas no Vale do Guaporé

Costa Marques/RO - QUILOMBOLAS SE ANIMAM COM A POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES PRODUTIVAS QUE O PROJETO BRASIL LOCAL PODERÁ TRAZER AS SUAS COMUNIDADES

No período de 03 a 07/03/2008, uma equipe interinstitucional rumou ao Vale do Guaporé, composta pela Coordenadora Andréa Mendes do Projeto Brasil Local, antropólogo Samuel Cruz, técnico em geoprocessamento Dermeval Silva, ambos do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA) de Rondônia, realizando visitas às Comunidades Quilombolas do Forte Príncipe da Beira e Santa Fé, situadas no município de Costa Marques/RO.

O objetivo da missão foi divulgar o PROJETO BRASIL LOCAL às comunidades remanescentes de quilombos do Vale do Guaporé e escolher uma pessoa para fazer a articulação nessas comunidades, desenvolvendo o papel de Agente de Desenvolvimento Local e Economia Solidária, além de informá-las acerca dos processos de regularização fundiária em casos específicos de Comunidades Remanescentes de Quilombos.


A reunião destinada a discutir a representação quilombola no PROJETO BRASIL LOCAL, aconteceu na plenária da Câmara de Vereadores do município de Costa Marques/RO, oportunizada pelo Vereador Amaury Arruda, apoiador das Comunidades de Forte Príncipe da Beira e Santa Fé, onde estiveram presentes representações pelo menos 03 das 08 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos pela Fundação Palmares: Forte Príncipe da Beira, Santo Antônio do Guaporé e Santa Fé, além de outros membros da comunidade e da caravana.


A representação escolhida foi a Sra. Lais Miriam dos Santos, de Forte Príncipe da Beira, que atuará na articulação e desenvolvimento coletivo de pelo menos quatro comunidades, situadas em três municípios, até que outros/as agentes quilombolas sejam contratados no Estado de Rondônia.


Para a Agente Laís esta é uma oportunidade que vem para fortalecer a luta dos negros situados a mais de 150 anos no Vale do Guaporé, que até então estavam esquecidos em suas localidades, amparados pela atuação de poucas instituições e sem visibilidade.


Garantir um desenvolvimento econômico e social a essas comunidades é proporcionar, entre outras coisas, a reestruturação das famílias que foram separadas pelas necessidades educacionais de jovens e pela manutenção da saúde dos mais velhos. Só resistem às agruras das enchentes e secas, endemias e dificuldades econômicas quem realmente tem o interesse de manter os vínculos com o território onde cresceu e aprendeu a viver.


Dona Mafalda, moradora do Vale do Guaporé há mais de 50 anos, relata de forma emocionante, a saga de ocupação do Vale do Guaporé pelos seus antepassados vindos de Vila Bela da Santíssima Trindade e desabafa como é dificil viver atualmente na comunidade, longe escolas e hospitais. Estes apenas situados em espaços urbanos. Porém, ao mesmo tempo olha a sua volta e sente a liberdade de viver próxima a natureza e junto a seus familiares, plantando em pequenas roças e colhendo seu sustento do dia a dia de forma saudável e sem agredir o meio ambiente.


Essa harmonia tem sofrido ameaças há alguns anos. A comunidade vive cercada por grandes latifundiários e oportunistas. “Antes tinham a liberdade de andar pela floresta sem se deparar com cercas de arame farpado e grandes boiadas”, relata outro morador de comunidade próxima, a qual foi separada de Santa Fé pela má distribuição de terras feita anteriormente pelo Governo. “Agora até o acesso ao Rio Guaporé que fica a menos de 200m das casas da comunidade está ameaçado”. O diálogo com o INCRA, sobre a regularização fundiária, poderá suprir parte dessa dificuldade, mas já será de grande valia dialogar e conseguir o acesso a terra para morar, produzir e gerir, formalmente.


As informações sobre às políticas públicas vem para fortalecer e despertar os quilombolas do Vale do Guaporé, na busca de seus direitos e sua organização. Nessa linha includente e de acesso o Brasil Local deve priorizará, na visão dos quilombolas, jovens e mulheres das comunidades. Indentificam que o artesanato, o extrativismo sustentável e o turismo são potenciais atividades econômicas que podem ser desenvolvidas, além da produção da farinha de mandioca que daqui a alguns meses receberá maquinário que beneficiará a produção, afirmação dos homens da comunidade. Tudo dependerá da instalação de unidades de energia elétrica no local, através do Programa Luz para Todos, do Governo Federal.

http://brasillocalrondonia.blogspot.com

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