Por kênia Ribeiro - Expo Brasil
A VII Expo Brasil Desenvolvimento Local, realizada de 12 a 14/11, em Cuiabá (MT), registrou a participação recorde de 12 mil pessoas. Foram três dias aprendizado e trocas de experiências. Conceitos, práticas e inovações sobre desenvolvimento local, sustentabilidade, geração de renda, cultura, economia solidária. O recorde de público também foi registrado na participação das palestras, painéis, conferências e mini cursos, registrou mais de seis mil pessoas. Trata-se da maior entre as sete edições da Expo Brasil, que vem sendo realizada no Brasil desde 2002.
A Delegação de Rondônia, com 47 pessoas, realizou sua avaliação e registrou um balanço positivo do evento, tanto do ponto de vista do intercâmbio de conhecimentos, de culturas e divulgação, quanto da comercialização de produtos e ótimo contatos com possíveis parceiros e consumidores. Cuiabá apresentou um público diversificado e receptivo, afirmaram alguns integrantes da Caravana, além dos participantes de outros municípios do MT e de outros Estados, que estiveram sempre abertos a trocas de experiências. Ainda afirmam que conhecer a diversidade de experiências acumuladas dentro do Brasil e no exterior, como o reaproveitamento de garrafas pets e de papelão na produção de móveis e artigos de decoração, confecção de artesanato com latinhas recicladas, aproveitamento sustentável do coco de babaçú, da rama da mandioca, utilização de outras tecnologias para aquecimento da água, cultivo de hortaliças e criação de pequenos animais, permacultura, elaboração e apresentação de projetos e pesquisas, foi de suma importância para pessoas de comunidades indígenas, ribeirinhos e mulheres de empreendimentos urbanos que acumularam conhecimentos e serão potenciais multiplicadores/as em seus locais de trabalho e convivência.
Alguns assuntos tiveram destaque durante as conferências, painéis, minicursos e conversas. Entre eles a crise financeira internacional e a crise mundial de alimentos. Repensar novos modelos de governança com vistas ao desenvolvimento local e a organização coletiva dos/as produtores/as e das comunidades. Pensar o desenvolvimento local de baixo para cima, de dentro para fora a partir do empoderamento de agentes locais, são apontados como alternativas eficientes.
Ladislau Dowbor, durante uma de suas palestras, avalia a crise e apresenta algumas preocupações na construção de estratégias que confrontem a situação. “O quadro é extremamente preocupante, e um dado positivo é o foco dado à crise em um evento como esse, com mais de 10 mil pessoas. Agora precisamos fazer com que essas preocupações se materializem em iniciativas em cada um dos 5.600 municípios brasileiros”. Caio Silveira salientou que é papel da Expo Brasil promover uma influência estratégica de mudança, a partir da base local, nesse cenário de crise. “A crise mundial recoloca o desenvolvimento local no centro das reflexões e abre oportunidade para discussões, formulações e novas reflexões que contribuem para redimensionar o tema”, apontou ainda Juarez de Paula.
Avalia-se o processo de pensamento do coletivo imperialista, que só concebe a realização imediata de mudanças. Devemos ter a capacidade de construir a convergência de diversos atores em torno de um projeto coletivo e a capacidade de interrelacionar as identidades dentro de um espaço. A forma de construir o caminho da nova trajetoria é articular pactos que extrapolem projetos de governo. Porque tais projetos acabam-se com os governos, mesmo que as propostas sejam boas. É o que afirma a conferencista Tânia Zapata.
Sabe-se, diante das experiências, que um processo afirmativo de transformação de uma sociedade não acontece de um dia para outro. Essa é uma grande dificuldade. Da mesma forma quando se fala em projetos de governo, que necessitam mostrar eficiência durante o periodo de governabilidade. Um projeto começa a realizar mudanças em no minimo 08 anos. Não se tem uma cultura e muitas vezes nem o interesse na continuidade de um projeto desenvolvido por outra gestão.
Segundo a análise de organizadores e parceiros, especialistas em desenvolvimento local, com vistas ao futuro da Expo Brasil, revela que há um consenso de que é hora de direcionar o evento para o tema do desenvolvimento local urbano. Por isso, a oitava edição da Expo Brasil deverá ocorrer também em uma grande cidade, possivelmente São Paulo ou Rio de Janeiro. “Temos de voltar o olhar para o desenvolvimento das grandes regiões metropolitanas, onde se concentram problemas como o desemprego, a pobreza, a violência e a concentração de riqueza”, avaliou Juarez. Dowbor concorda que é importante pôr na mesa o problema das megalópoles, dado o acelerado crescimento das periferias das grandes cidades.
Para os organizadores, o sucesso do evento, realizado na região central do País depois de quatro edições no Nordeste, foi destacado pelo sociólogo e coordenador da Expo Brasil, Caio Silveira, pelo gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional, Juarez de Paula, e pelo professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor, em debate realizado na TV EXPO.
“A resposta dada pela população e pelos agentes locais de Cuiabá e do Mato Grosso foi absolutamente fantástica. Antes desta Expo Brasil, quem vinha para o evento era quem mexia com desenvolvimento local, hoje nós vimos o envolvimento da população matogrossense e das escolas”, observou Caio Silveira. Entre as importantes contribuições da Expo Brasil em Cuiabá, que contou com o apoio decisivo do Sebrae MT, Caio Silveira ressaltou a aproximação com a região Norte e com os países latino-americanos, o que permitiu a maior participação internacional da história da Expo, reunindo 13 nações.
Juarez de Paula destacou a o significado simbólico da realização do evento no centro do país, onde estão presentes três diferentes biomas (Pantanal, Amazônia e Cerrado) e fronteiras agrícolas, o que contribuiu para o fortalecimento da discussão do tema da sustentabilidade. “Foi importante não só o olhar sobre a sustentabilidade ambiental, mas também sobre como os problemas ambientais impactam a sustentabilidade econômica. Discutimos, por exemplo, alternativas mais sustentáveis para a agricultura orgânica e um novo modelo de agronegócio”, afirmou. “Temos que transformar os dilemas planetários em formas práticas de enfrentamento dos problemas ambientais”, completou Dowbor.
(Matéria em destaque coletada do sítio da Expo Brasil e elaborada por Vinicius Carvalho e Suzi Bonfim)
A participação do BRASIL LOCAL - As discussões realizadas durante o Encontro são de interesse do Projeto, uma vez que tratam do desenvolvimento local, um dos enfoques de nossa proposta.
Acompanhar o que se discute e levar estas idéias às comunidades poderá contribuir nos processos de empoderamento e de organização das mesmas.
O Brasil Local trouxe ao evento, graças a parceria com o SEBRAE/RO, Edésio Arara (Iterã), representante de um empreendimento que o Projeto acompanha em Ji-Paraná. O representante indígena afirma que nunca tinha participado de um evento desta grandeza, com tantas informações e já se prepara para a próxima edição. Esteve atento às palestras que participou, inclusive as que tratavam do tema Economia Solidária, e afirma que aprendeu muito.
Outras representações de Grupos de Mulheres que o Projeto acompanha também estiveram presentes, a exemplo da Cooperativa Uniartes, Grupo de Mulheres do Eldorado, Grupo do Cipó e Biojóias da Floresta.
É de nosso interesse possibilitar a presença de todos os agentes na próxima edição da Expo Brasil, em 2009.
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Fotos por:
Kênia Ribeiro -
Expo BrasilRonaldo Nina -
Salada VisualAndréa Mendes -
Projeto Brasil Local